sábado, 15 de outubro de 2011

ÁSPERAS NATUREZAS




ÁSPERAS NATUREZAS DE ANTONIO AUGUSTO
Augusto lembra e remete a agosto. Pra nós, dias de frio, chuva e minuano na maior parte do tempo. Minuano, o vento. Soprando, entrando por frestas de paredes e sobretudos, nos obrigando a buscar o aconchego, o calor que insiste em não permanecer, soprado que é por este senhor frio e gelado, e implacável, o Senhor Minuano.
Para alguns, agosto é o mês de movimentos contritos, enregelados, mas para um artista como Antonio, é tempo de colheita. De inspiração.
Tempo de colher aquilo que o minuano sopra pelos campos e arrabaldes e áreas diversas da cidade. Folhas, galhos, gravetos, ramos. Raízes. O que a natureza descarta, a mão do artista recolhe e transforma, dando novo significado e sobrevida ao que já é naturalmente belo.
Ao ter contato com o trabalho do Antonio Augusto, o que surpreende e emociona de fato é a maneira como ele consegue organizar e harmonizar tantos e pequenos e frágeis elementos descartados pelo tempo, pelo ciclo da vida, pelo eterno renascer da natureza.
Em espaços generosos e imensos às vezes, outras vezes na área diminuta de uma folha de papel, o que se impõe é a sensibilidade do artista em seu estado mais puro. E visceral.
É impossível não sentir o vento soprando em meio àqueles gravetos e ramos, ouvir o suave lufar de uma brisa amena ou o sibilar de uma rajada mais forte. Um sopro de vida e beleza ancestrais em nosso cotidiano por vezes tão frio e desprovido de emoções.

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