domingo, 29 de junho de 2008

ANOS 70





Lisérgicos, loucos, coloridos, contraditórios anos 70.
A primeira coisa que eu lembro desta década é de um passeio pela Rua da Praia em companhia do Neny Scliar, (primeiro a esquerda na foto acima, o último a direita é o Ricky Bols, amigo inseparável do Neny) filho do Salomão Scliar e sobrinho do Carlos e do Moacir Scliar. Na época, o Neny vinha trabalhando o conceito de arte hiper-realista, movimento surgido os anos 60 e que ganhou força a partir do início dos 70 principalmente nos EUA.*
Numa atitude típica de um contestador nato, o Neny acendeu um baseado no momento em que a gente passava em frente ao antigo Cine Cacique. Imagina uma cena destas em plena época da ditadura, onde éramos vigiados (nós jovens, principalmente) 24 horas por dia. Menos mal que o nosso passeio continuou sem maiores problemas, agora com o Neny viajando pelas asas da cannabis. Falávamos sobre contracultura, música, sexo, drogas e rock and roll. Sobre liberdade enfim. Depois de passar pela casa dele, onde ele discutiu de forma agressiva com o Salomão, rumamos para o Clube de Cultura na Ramiro Barcelos, onde assistimos a uma apresentação do Utopia. Esta banda era formada por uma rapaziada que depois se dispersou. Mas esta é outra história, a ser narrada em detalhes mais adiante.

*Uma visão histórica do Hiper-realismo: O termo remete a uma tendência artística que tem lugar no final da década de 1960, sobretudo em Nova York e na Califórnia, Estados Unidos. Trata-se da retomada do
realismo na arte contemporânea, contrariando as direções abertas pelo minimalismo e pelas pesquisas formais da arte abstrata. Menos que um recuo à tradição realista do século XIX, o "novo realismo" finca raízes na cena contemporânea, dizem os seus adeptos, e se beneficia da vida moderna em todas as suas dimensões: é ela que fornece a matéria (temas) e os meios (materiais e técnicas) de que se valem os artistas. A série de exposições realizadas entre 1964 (O Pintor e o Fotógrafo, Universidade de Novo México, Albuquerque) e 1970 (22 Realistas, Whitney Museum, Nova York) assinala o reconhecimento público da nova vertente. Hiper-realismo ou foto-realismo, como preferem alguns, os termos permitem flagrar a ambição de atingir a imagem em sua clareza objetiva, com base em diálogo cerrado com a fotografia. Os hiper-realistas "fazem quadros que parecem fotografias", afirma o crítico Gilles Aillaud por ocasião de uma exposição no Centro Nacional de Arte Contemporânea de Paris, em 1974. A frase traduz uma reação corriqueira diante das obras, o que não quer dizer que os artistas deixem de assinalar as diferenças existentes entre pintura e fotografia. Richard Estes (1932), um dos grandes expoentes do novo estilo, é enfático: "Não acredito que a fotografia dê a última palavra sobre a realidade". Mesmo assim, afirma, "o foto-realismo não poderia existir sem a fotografia".
No Brasil, são freqüentemente associados ao hiper-realismo alguns trabalhos de
Glauco Rodrigues (1929-2004), por exemplo, A Juventude (1970) e de Antonio Henrique Amaral (1935). Nas cenas urbanas de Gregório Gruber (1951) - Viaduto à Noite (1977), Passagem Anhagabaú (1982) e Banco (1987), por exemplo -, é possível identificar ecos do foto-realismo. Extraído da Enciclopédia Itaú Cultural – Artes Visuais.

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